Cruella - Crítica
A chave para o sucesso de um filme nunca é clara e varia de projeto para projeto. Às vezes é o astro principal, o roteiro, a direção e algumas vezes é o feliz acaso de que todos esses aspectos se encaixam organicamente na produção resultando em algo que, apesar de ter tudo para dar errado, funcionou perfeitamente. Cruella, estrelado por Emma Stone é um desses casos.
A Disney vem numa onda de remakes em live action de suas animações clássicas e honestamente, absolutamente nenhuma até agora foi minimamente boa (minha opinião pessoal). Cruella parecia ser mais um na lista de filmes desnecessários da Disney, porém dessa vez, o estúdio do Mickey conseguiu fazer um filme decente. Cruella não é um remake de 101 Dálmatas, e aqui reside o mérito do roteiro e a justificativa da existência do longa. O filme conta a história de Estella (Emma Stone), uma jovem órfã que desde menina sonha em ser uma estilista famosa. Contra todas as sortes possíveis, Estella consegue ser notada pela Baronesa (Emma Thompson), a maior estilista de Londres, e daí pra frente, uma sucessão de acontecimentos culminará no nascimento de Cruella De Vil.
O roteiro do filme (que parece ser Coringa, Arlequina, Cruella De Vil e O Diabo Veste Prada batidos em liquidificador) não é a coisa mais original do mundo, mas é bem feito e consegue segurar com poucas dificuldades as duas horas e dezessete minutos de projeção sem ser arrastado. A fotografia do filme opta por enquadramentos focando sempre no rosto de Emma Stone, valorizando a habilidade da atriz em fazer caras e bocas, o que ajuda o público a se relacionar com Cruella. A direção de arte é impecável e cria um universo visual único e marcante para o longa diferente de tudo que já vimos, misturando elementos fashion, extravagância e criatividade de forma confortável. A trilha sonora embala a jornada de Cruella competentemente.
Mas mesmo com uma direção bem compassada, roteiro polido, direção de arte de ponta, fotografia exuberante e trilha sonora escolhida à dedo, Cruella não teria 10% do seu carisma e charme se não fosse Emma Stone. A atriz é a energia que dá vida ao filme e faz tudo se conectar e funcionar surpreendentemente bem. Stone vai da mocinha indefesa e engraçada à vilã vingativa com facilidade impressionante e traz uma atuação vocal carregada que aliada à sua atuação expressiva, dá vida à personagem principal e rouba a cena sempre que presente. Tal qual a personagem que está interpretando, ninguém no elenco de Cruella brilha mais que Emma Stone e isso é fato consumado e indiscutível.
Com fan-service na medida certa pra agradar quem já acompanhou os 101 Dálmatas seja no filme animado de 1961 ou no live action de 1996 mas sem ser gratuito ou prejudicar a experiência pra quem é marinheiro de primeira viagem e apesar de banir sem muito sentido alguns aspectos clássicos da personagem (Cruella não usa sua clássica piteira porque a Disney não quer incentivar o fumo, mas ainda assim aparece se embriagando algumas vezes), o filme entrega uma história de origem satisfatória para a temível vilã.
Cruella é um dos raros acertos da Disney em live action e deve agradar o público sem dificuldades.
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