Crítica | Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa -- SEM SPOILERS --

 


"Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades." - A frase eternizada nos quadrinhos pelo Tio Ben e nos cinemas pela performance de Cliff Robertson em 2002 embora remeta diretamente ao Homem-Aranha, nunca fez muito sentido na versão do herói protagonizada por Tom Holland. Desde que apareceu no UCM, Peter Parker sempre esteve amparado por personagens mais maduros que ele nesse universo e ainda que resolvesse alguns perrengues sozinho, as coisas sempre acabavam bem pra ele. Para o Peter Parker que apareceu pela primeira vez em Capitão América - Guerra Civil, ser um herói não era uma cruzada difícil, era uma aventura de adolescente. Mas isso mudou.

Após ter sua identidade secreta revelada para o mundo pelo Mistério (Jake Gyllenhaal) no final do filme anterior, Peter vê sua vida virar de cabeça para baixo. As acusações falsas contra ele não afetam apenas ele, mas refletem na vida de seus amigos e familiares. Causando um sentimento de culpa e desespero. E aí que o herói resolve procurar a ajuda do Dr. Estranho (o sempre excelente Benedict Cumberbatch). E é nessa relação que a meta linguagem do filme responde as críticas feitas aos mais recentes filmes do teioso. Em dado momento Strange diz: "Sabe, depois de tudo que passamos, as vezes eu me esqueço que você é só um garoto." Nessa frase O filme derruba todo o parágrafo anterior dessa crítica. O Peter Parker do Marvel Studios nunca foi pensado para ser sério ou sisudo como os demais personagens do universo. Ele é um adolescente empolgado por ser um super-herói. Ele ainda não é um adulto. Ainda.


Não é spoiler dizer que a tentativa de Strange de socorrer Parker dá errado e o feitiço do Mago Supremo acaba trazendo para esse universo, os vilões de universos diferentes. Mais precisamente, das iterações anteriores do Homem-Aranha no cinema. Ao se deparar com adversários que não veem Peter Parker como um adolescente, mas como o homem que os derrotou e em alguns casos, foi o causador indireto das suas mortes, o Homem-Aranha passa por uma cruel jornada de amadurecimento nesse terceiro longa.

O filme é um nota 10 sem medo de errar. A direção de John Watts que era apática nos dois filmes anteriores teve uma surpreendentemente positiva guinada nesse aqui. O filme é frenético, esperto e não perde tempo com coisas desnecessárias. A ação foi planejada com mais cuidado para que as cenas aproveitassem da melhor forma possível os poderes do Homem-Aranha. A trilha sonora assume um tom mais dramático também, contribuindo organicamente para a emoção ao longo do filme. 

Dos vilões antigos que retornam, embora nenhum faça feio, é fato que quem rouba a cena são o Duende Verde (Willem Dafoe) e o Doutor Octopus (Alfred Molina). Dafoe consegue imprimir mais uma vez (e com mais maestria ainda) a dualidade, imprevisibilidade e crueldade do Duende sendo sem a menor sombra de dúvida, o maior vilão da trama. Alfred Molina mostra todo o seu talento com as indas e vindas do Dr. Octavius, ora a personalidade de Otto assume o controle, ora a Inteligência Artificial dos tentáculos. 

O filme termina de maneira promissora para o herói. Agora sim, de fato, um homem adulto. Um homem que teve sua trajetória e amadureceu e que deve entregar o Homem-Aranha que muitos fãs aguardavam que ele se tornasse. 

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