Godzilla Vs Kong - Crítica
A tática do versus no cinema é antiga (Freddy vs Jason, Alien vs Predador, Batman vs Superman...) e se vale do imaginário popular para ganhar dinheiro, afinal de contas, que nerd numa conversa nunca discutiu quem ganharia num combate entre o Wolverine e o Predador, por exemplo? O problema desse tipo de história é que geralmente o embate entre os protagonistas é tão o foco da produção que os demais aspectos que deveriam servir de escada para a disputa do título, acabam se tornando degrais frágeis que quebram ao mínimo sinal de pressão. E infelizmente, Godzilla Vs Kong sofre desse problema.
Apesar do público constantemente reclamar dos núcleos humanos nos filmes desse universo iniciado em Godzilla (de 2013), essa é a primeira vez que vejo problemas nesse aspecto. Empenhado em dar protagonismo para Millie Bobby Brown, o roteiro faz a estapafúrdia de que ela é a única que enxerga um padrão nos ataques realizados pelo Godzilla. Coisa que nem seu pai, que já passou uma década trabalhando com a Monarca e os kaijus, suspeitou. Não bastasse isso, ela e mais dois personagens mequetrefes invadem sozinhos uma instalação de uma empresa colossal. Enfim, todo o núcleo do filme que envolve a personagem de Bobby Brown (incluíndo a própria) poderia facilmente ser deletado da trama sem nenhum peso na consciência. Os humanos que fazem parte do que chamarei de Team Kong funcionam bem melhor, apesar de uma participação bizarra de Eiza González.
A motivação do embate entre os dois gignates também fica meio que simplória demais: Os dois são alfas e não pode existir mais de um. Uma guerra ancestral entre a espécie de Kong e a de Godzilla até é mencionada mas fica no ar sem ser explorada, explicada ou servir pra algo na narrativa, assim como mais um monte de coisas sem pé nem cabeça, por exemplo, alguém pode me dizer como foi que construíram uma cúpula gigantesca para aprisionar King Kong na Ilha da Caveira? Como é que ele permitiu isso sendo que no seu filme o mero barulho de helicópteros o incomodava? Se Kong está preso, quem enfrenta os demais monstros da ilha? Como que o gorilão fica em cima de um porta-aviões sem afundá-lo? E por último mas não menos importante, como é que esse mesmo porta-aviões vira duas vezes de cabeça para baixo no mar sem ter sérios danos estruturais que impediriam seu funcionamento? Ok, talvez eu esteja pedindo demais de um filme que se propõe a mostrar a luta entre um lagarto e um gorila gigantes, mas tenho certeza que com menos personagens e um pouquinho mais de esforço teríam saído ideias mais coesas e menos encheção de linguiça.
Ainda assim, há coisas boas em Godzilla Vs Kong. Todos os combates dos gigantes estão visualmente fantásticos de se assitir. A luta final então nem se fala. A equipe de efeitos visuais dá um show e gera criaturas digitais extremamente realistas pra ninguém botar defeito. Toda a fotografia colorida e neon do combate entre Godzilla e Kong em Hong Kong é absurdamente linda, cada frame é digno de moldura. A trilha sonora também ajuda bastante a entrar no clima e a se empolgar com a troca de porradas gigantesca. Todas as cenas com esses seres de proporções incomensuráveis faz a gente pensar do porque de o filme não ser só os dois se degladiando. Já que essa parte é sem dúvida um aspecto irretocável da produção.
Enfim, Godzilla Vs Kong se perde nas suas explicações e elenco inchado demais e fica aquém do esperado. Todavia, em mérito da fotografia, profissionais de efeitos visuais e trilha sonora, o filme merece ser assistido porque tem muita coisa boa nesses aspectos.
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