Reality Z - A Suprema Excelência da Ruindade do Trash

 
Cinema Trash: Produções realizados com baixíssimo orçamento (ou com a ideia de simular baixo orçamento), com roteiros pouco verossímeis, exageros visuais e atores ruins (ou atuações ruins propositais). Geralmente produções do gênero terror.

Agora que você já tem uma ideia do que é uma produção trash, nós podemos falar de Reality Z, série nacional da Netflix sobre zumbis. A sinopse é a seguinte: Quando um surto zumbi se espalha pelo mundo todo, os únicos(a princípio) sobreviventes são os participantes de um reality show, que estão confinados em uma casa isolada dentro de um estúdio de TV. 
 
A ideia em si já é bem criativa. Afinal sempre em histórias de zumbis nós acompanhamos os policiais, os médicos, enfermeiros, militares e cientistas. O quão bizarro e divertido não seria assistir a rotina de sobrevivência das pessoas mais desinteressantes, desmioladas e egocêntricas do planeta (tal qual os participantes de alguns realitys famosos no Brasil)? Para o bem ou para o mal a série tem uma frenética rotatividade de elenco principal, causada pelo hostil ambiente repleto de monstros carniceiros, que ajuda a manter o ritmo do show.
 

Contando com um bom orçamento e efeitos visuais bem convincentes, a "tresheira" de Reality Z está nos seus personagens. Embora não seja uma comédia ou paródia do gênero, é impossível não rir com alguns dos personagens e infelizmente até associar alguns a gente que conhecemos na vida real. Em certo ponto o roteiro tenta emular uma discussão social a lá The Walking Dead: Se a sociedade atual ruir, como as pessoas se organizariam? Que regras elas teriam? Quais serão os limites éticos e morais? Apesar de muito desse discurso ficar nas costas do personagem Levi (Emílio de Mello, fantástico no papel), um deputado corrupto que está disposto a qualquer negociação pra salvar a pele e se manter acima dos outros mesmo no fim do mundo, ele funciona bem, mesmo que escrachado. O texto ainda aborda preconceitos, racismo, diferenças sociais e de pensamentos que exstem na sociedade dentro de um contexto extremo, que embora sirva ao conceito trash da série, não deixam de ser interessantes.
 

 
O que faz Reality Z funcionar é que parece que todos os envolvidos, desde o elenco até os produtores, sabem que é pra ser ruim mesmo e ninguém se leva a sério. Até Guilherme Weber que tem uma sólida carreira em novelas com personagens bem escritos se entrega a canastrice e arranca risadas sempre que entra em cena como o produtor do reality conhecido como "Olimpo". Suas interações com a mais recente eliminada da atração: a ingênua Jéssica (Hanna Romanazzi) são impagáveis de bizarras e engraçadas. A forma como ele objetifica cada participante dentro do seu estereótipo condiz com os realitys brazucas e é cômica na medida certa.

Reality Z é um daqueles raros casos que é tão ruim que chega a ser bom e garanto que se você assistir com o espírito certo, vai se divertir bastante e rachar de rir.

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