Monstros Clássicos #3 - A Múmia
Lançado em 1932, A Múmia é o primeiro filme de múmias e também um dos mais famosos. Calcado no terror ao invés das versões aventurescas de 1999 e 2017, o filme é uma obra prima do cinema da década de 30. A primeira coisa que fica marcada sem dúvida é a atuação magistral de Boris Karloff. O ator consegue passar as emoções de seu personagem e imprimir medo facilmente com seu olhar. Karloff se usa da linguagem corporal para criar um ser que intimida apenas pela sua postura e andar. De fato, sempre que entra em cena, antes de falar uma única palavra a persona de Imoteph já dominou a atenção do expectador.
O roteiro do filme é redondinho. Afinal a projeção dura apenas uma hora e treze minutos. Sem espaço para furos, todavia, nada fica sem explicação e todos os personagens são bem aproveitados. A estrutura da narrativa cria um grande mistério sobre Imoteph, cujo a história só é revelada próxima ao terceiro ato. Um recurso ousado para as produções da época. O segredo que os amigos exploradores mantiveram por anos também sobre a múmia desaparecida de Imoteph também é algo bacana de ver quando a múmia reaparece em suas vidas. Isso entre outras sutilezas como a explicação simples, mas convincente, de porque Imoteph só consegue controlar a mente de certos personagens, faz do roteiro de A Múmia o mais elaborado dos monstros clássicos até aqui.
A direção de arte de A Múmia também faz bonito na construção dos figurinos e do museu do Cairo, embora os cenários desta produção sejam mais contidos, funcionam muito bem. A maquiagem aplicada em Boris Karloff para interpretar Imoteph é também extremamente bem feita, dado ao personagem um ar cadavérico que não parece plástico ou forçado. Os efeitos visuais também são dignos de premiação, dada a época da fita. A fotografia sabe usar bem a iluminação para criar a atmosfera macabra do longa. Há um nítido contraste entre os cenários que Imoteph ocupa (sua casa, tumba e museu) que são sempre representados com pouca iluminação e os demais personagens sempre em ambientes claros. A trilha sonora é sútil, mas competente.
Quem deixa um pouco a desejar é a atriz Zita Johann. A personagem interpretada por ela é bem qualquer coisa. Falta algo que faça você se importar com a moça e seu destino. No entanto, não é algo que chegue a comprometer o divertimento de quem assiste o filme.
A Múmia é um bom filme clássico de terror, com roteiro ousado e lapidado que aliado ao talento incrível de seu protagonista, entretem e causa medo sem dificuldades.
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